
Ao dizer que apoia três nomes para senador, Jadyel expõe política da pouca vergonha

O deputado federal Jadyel Alencar (Republicanos) nunca foi exemplo de coerência política. Entrou na vida pública eleito pelo Partido Verde (PV) sem nunca ter levantado uma bandeira da causa ambiental. Pouco depois, deixou o partido pelo qual foi eleito e se filiou ao Republicanos, uma legenda conservadora, com raízes na Igreja Universal do Reino de Deus. Contudo, Jadyel é aliado ao governo PT no Piauí e em Brasília.
Na eleição municipal de Teresina em 2024 o partido estava de um lado com uma candidatura a vice-prefeito, mas Jadyel estava do outro, apoiando o adversário.
Porém, na política brasileira nada é tão esdrúxulo que não possa piorar. Nesta semana, o deputado de primeiro mandato deu entrevista e prometeu apoio a três candidatos a senador no Piauí nas eleições do ano que vem. Em meio à intensa disputa eleitoral que se avizinha entre Ciro Nogueira (Progressistas), Marcelo Castro (MDB) e Júlio César (PSD), Jadyel disse que vai defender os três, embora sejam apenas duas vagas.
“Eu defendo o senador Marcelo Castro, defendo o senador Ciro Nogueira e defendo o pré-candidato ao Senado, deputado Júlio César. Sempre respeitando a relação da minha base com esses candidatos. Eu acho que nós vivemos num regime político democrático.” Essa foi a justificativa de Jadyel para apoiar os três nomes para o Senado.
Ora bolas! Se o argumento para defender três candidaturas ao mesmo tempo é o respeito à vontade das lideranças que o apoiam e o regime democrático, então Jadyel também vai defender a candidatura de Rafael Fonteles (PT), do candidato a governador da oposição e de outros nomes que surgirem para o governo? Ou o respeito ao regime democrático e à vontade das bases só valerá para a eleição de senador?
Qualquer que seja a resposta para essas perguntas, o contrassenso estará evidente. Aliás, contrassenso talvez seja uma palavra muito branda para homens públicos que, por oportunismo ou medo de tomar partido, preferem a política da pouca vergonha.
Publicar comentário