Em 12 de maio deste ano, foi inaugurada em Teresina uma “cozinha solidária” destinada a oferecer refeições gratuitas para pessoas em situação de rua na Zona Sul da cidade. A iniciativa, liderada por uma organização não governamental (MP3), com apoio de voluntários e doadores, foi celebrada como um gesto de “humanidade e solidariedade” em reportagens locais. No entanto, por trás do discurso benevolente, é preciso questionar: até que ponto ações pontuais como essa de fato enfrentam o problema estrutural da miséria no estado do Piauí.
Em visitas aos restaurantes populares de Teresina, nossa equipe descobriu a inoperância da “cozinha solidária” do bairro São Pedro inaugurada a quase um (01) mês. A administração do movimento social MP3, parceiro do governo federal nesse projeto, afirma que apesar da inauguração em maio de 2025, ainda não foram servidos nenhum prato de alimento para o público alvo, pessoas em situação de rua, devido ao fornecedor dos alimentos que consta com registro fazendário no estado do Rio de Janeiro.
De acordo com Junior do MP3, administrador do movimento social MP3, a compra dos insumos para a produção das refeições precisa ser feita em um único estabelecimento registrado no estado, situação que dificulta o pontapé inicial do projeto pois não há nenhum estabelecimento no Piauí que disponha de todos os itens necessários para a produção das refeições e demais providências.
Assistencialismo vs. Políticas Públicas Efetivas
O projeto, que é uma parceria do movimento MP3 e o Governo do Estado, objetivando o atendimento de 50 pessoas diariamente, é uma gota no oceano diante dos mais de 1.500 moradores de rua registrados em Teresina (dados de 2023). A ausência de investimentos do Estado em políticas de emprego, saúde mental e habitação popular perpetua o ciclo de exclusão, tornando iniciativas como essa meros paliativos.

O Programa Cozinha Solidária, instituído pela Lei n°14.628/2023 e regulamentado pelo Decreto n°11.937/2024, tem como objetivo apoiar as cozinhas solidárias que oferecem alimentação gratuita à população, principalmente às pessoas em situação de vulnerabilidade, incluindo a população em situação de rua.
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