Justiça concede liberdade a blogueira e outros dois acusados de matar e esquartejar mulher em Teresina

Foto: Jade Araujo / Cidadeverde.com

O Tribunal de Justiça do Piauí concedeu liberdade a blogueira Maria Clara, conhecida como Arlequina, indiciada pela morte e esquartejamento de Silvana Rodrigues de Sousa, em junho de 2024. Além de Maria Clara, Sebastian Valerio e João Victor Rodrigues também tiveram a prisão preventiva revogada e foram postos em liberdade.

O juiz da 3ª Vara do Tribunal Popular do Júri, Muccio Miguel Meira, concedeu habeas corpus para anular a decisão de pronúncia (que levaria o réu a júri popular) e restabeleceu a sentença de impronúncia (que impede o júri). Segundo a decisão, a acusação se baseava apenas em provas do inquérito policial que não foram confirmadas no processo judicial.

“Diante do exposto e tudo mais que consta dos autos, impronuncio Maria Clara Sousa Nunes Bezerra Sebastian Valerio dos Santos e João Victor Rodrigues de Paiva Barros, tendo em vista que não há provas contundentes suficientes para levar os acusados ao Tribunal Popular do Júri, nos termos art. 414 do CPP, que aponta, não se convencendo da existência de indícios suficientes de autoria ou de participação, o juiz, fundamentadamente, impronunciará o acusado. Aponta-se que, enquanto não houver a prescrição, poderá ser formulada nova denúncia, caso haja novas provas”, explica.

A decisão é do dia 2 de junho de 2025, quase um ano após o crime. Silvana foi morta no dia 23 de junho de 2024, na Vila da Guia, zona Sudeste de Teresina. A polícia concluiu que a vítima foi atraída ao local por Maria Clara Sousa Nunes Bezerra, sob o pretexto de uma reunião.

Chegando ao local, Silvana foi subjugada por Francisco Josiel Ferreira, vulgo “Lon” e João Victor Rodrigues de Paiva Barros, vulgo “Oreinha”, que a asfixiaram utilizando uma corda. Enquanto a vítima ainda apresentava sinais de vida, foi golpeada e esquartejada por Maria Clara, Sebastian Valerio dos Santos, vulgo “Sebastian”, C.H.S. (menor de idade), e H.H.S.S. (menor de idade).

Após a execução, o grupo decidiu ocultar o cadáver para dificultar a identificação do corpo e apagar evidências que pudessem ligá-los ao crime. O corpo esquartejado foi enterrado em uma cova rasa na mesma residência onde ocorreu o homicídio, com o intuito de esconder os restos mortais da vítima e evitar a descoberta do crime pelas autoridades.

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Conforme a investigação, Silvana Rodrigues foi morta pelo Tribunal do Crime após suspeita de que estaria repassando informações para uma facção rival.

Maria Clara foi presa no dia 8 de julho e era apontada como a principal prisão do caso. Outros envolvidos foram presos posteriormente e o inquérito foi concluído com o indiciamento de seis pessoas.

Foto: Renato Andrade / Cidadeverde.com

Em fevereiro deste ano, foi realizada a audiência de instrução e julgamento dos acusados da morte. A blogueira Maria Clara foi ouvida por 30 minutos negou participação no crime e envolvimento com facção criminosa.

Durante o interrogatório, a acusada chorou e pediu para responder em liberdade para ficar perto dos três filhos. 

“A audiência foi necessária para mostrar a efetiva ausência de Maria Clara no caso, seja ordem, execução ou qualquer outro tipo de ação. No aparelho celular dela não foram encontradas provas, vestígios de facção criminosa”, explica Wesllen Costa, advogado de defesa.

Uma das provas que indicaria a participação da blogueira seria uma foto que a vítima aparece morta no chão e é possível ver a perna de Maria Clara, fato constatado por meio de uma tatuagem. A casa onde Silvana Rodrigues foi morta era um local abandonado e usualmente frequentado por usuário de drogas. 

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