Foto: Tarcio Cruz / Cidadeverde.com
Dados extraídos pela Polícia Federal do celular apreendido com Tatiana Medeiros no dia 20 de maio no Quartel do Comando Geral da PM-PI mostra que a vereadora teve acesso ao aparelho no dia 7 de abril.
Nesta data, o livro de visitas feito no QCG mostra que a vereadora teve visita de três pessoas: a vereadora Lucy Soares (MDB), o advogado Breno Macedo e Francisco Antônio Medeiros, tio e advogado da vereadora.
O documento de análise feito pela Polícia Federal aponta que a hipótese mais provável é que a vereadora recebeu o celular de um advogado. Segundo a superintendente da Polícia Federal, Melissa Maximino, o material encontrado no celular aponta a quebra de cautelares impostas a parlamentar.
“A Polícia Federal concluiu a análise desses equipamentos eletrônicos e encaminhou para apreciação do Poder Judiciário, demonstrando que houve quebra das medidas cautelares impostas e fomos surpreendidos com a soltura da investigada. A análise demonstrou o descumprimento das cautelares a partir da troca de mensagens, inclusive com outros investigados, e realizações de transações bancárias dentro da custódia. Uma infração disciplinar prevista na lei de execução penal, cabendo inclusive, de acordo com os normativos, a transferência para um regime disciplinar diferenciado”, comenta a superintendente.
O Cidadeverde.com apurou que o pedido de RDD foi feito pelo promotor titular após tomar conhecimento do uso do celular e do conteúdo extraído, porém, o promotor entrou de férias. Depois disso, o promotor Antônio Rodrigues solicitou liberdade com cautelares.
A investigação da Polícia Federal foi concluída 13 dias após a prisão de Tatiana Medeiros, ocorrida no dia 3 de abril, e indiciou a parlamentar pelos crimes de organização criminosa, compra de votos, falsidade ideológica, lavagem de dinheiro, apropriação indébita e peculato-desvio (‘rachadinha’).
Segundo a PF, agora, a competência para investigar quem teria levado o celular a vereadora enquanto ela estava custodiada é da Polícia Militar, já que ela estava no QCG.
“As investigações já foram concluídas, são mais indícios de descumprimento efetivamente da cautelar que já havia sido imposta e a investigar. Creio que a notícia de que foram encontrados equipamentos eletrônicos, ela foi divulgada assim que a Polícia Militar entregou tais equipamentos para a Polícia Federal e houve a representação pelo acesso ao conteúdo e análise desses equipamentos. As investigações já foram concluídas. Agora é com o Poder Judiciário e com o Ministério Público”, conclui a superintendente.
Em nota a Polícia Militar informou que, no âmbito do caso envolvendo a vereadora Tatiana Medeiros, “não realiza a custódia de presos civis em ambientes administrativos, a exemplo do Quartel do Comando-Geral, e o faz sob decisão judicial. A corporação agiu de forma diligente ao localizar e apreender os dispositivos eletrônicos encontrados com a vereadora e encaminhá-los à Polícia Federal. O caso segue sob a responsabilidade da Polícia Federal, que conduzirá as investigações e responderá aos questionamentos da imprensa”.
Parlamentar chegou a receber 11 visitas em um único dia
Custodiada no QCG da Polícia Militar, a vereadora Tatiana Medeiros tinha uma intensa agenda de visitas. O livro de registro aponta que no dia 10 de abril a vereadora chegou a receber 11 visitas em um único dia. Entre os visitantes estão o padrasto, Stênio Santos, além de outros familiares e da sua assessora parlamentar Tatiana Santos. Todas as visitas ocorreram no período de 14h55 da tarde até às 17h30.
Foto: Jade Araujo/Cidadeverde.com
Superintendente da Polícia Federal, Melissa Maximino
Vereadora disse que celular foi entregue por advogado, mas depois mãe assumiu culpa
Em vistoria no dia 20 de maio, a Polícia Militar do Piauí encontrou um tablet e um aparelho celular na cela da vereadora Tatiana Medeiros. Na ocasião, questionada sobre os aparelhos, ela informou para polícia que um advogado teria entregado o celular.
Logo depois, a mãe da vereadora Tatiana Medeiros, Maria Odélia de Aguiar Medeiros, assinou um Termo de Declaração onde admitiu ter levado o celular encontrado com a filha. A TV Cidade Verde teve acesso ao termo de declaração assinado por Maria Odélia, que explica que o tablet está com a filha desde o dia da prisão, mas que o celular foi entregue por ela.
Ao justificar o ato, a mãe da vereadora afirmou que a filha vem enfrentando problemas relacionados à saúde mental e que o intuito de levar um celular para a sala do QCG era manter um canal de comunicação com a filha em caso de eventual emergência. Ela também descartou a participação de policiais e advogados na entrada dos dispositivos no local.
Porém, o uso do celular aconteceu pela primeira vez, segundo a PF, no dia 7 de abril, dias antes da mãe de Tatiana ter acesso à filha. Ela abriu aplicativo de agência bancária.
Publicar comentário